domingo, julho 30, 2006

Para não mais me rever neste sentir


Para não mais me rever neste sentir. Doentio. Podre. Putrefacto.
Porque os dias outrora tecidos a fios de luz solar são agora abafados por uma claustrofobia que consome todo o brilhar. Suga-nos o ser sem hesitar e parece idolatrar o vazio que fica no seu lugar. Forças ocultas e obscuras orquestraram este doer, o acaso não seria tão cruel. Quero acordar. Quero luz e mar, o riso da Beatriz espalhado pela areia,... poder colhê-lo a cada grão. Vê-la desenhar os seus pequenos gestos (do mais espontâneo ao mais ensaiado) nessa vastidão, nessa atmosfera pura e limpa que transpira do seu habitat natural.
Saber-me sobejamente ultrapassado por tudo isto, um peso morto, estéril, impotente.
Acreditar que não se é nada perante a força das marés, saber que não se sabe sequer como remar, é saber-me também doente, podre, putrefacto.
Luis V.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que sentimento estranho, ao ler isto. Um nó no peito e as lágrimas que me chegam aos olhos...Será esta angústia motivada pelo constatar da minha impotência face a tantas "forças" que por vezes me atacam, ou atacam aqueles de quem mais gosto? Vou sair. Estou a ficar em baixo.

Anónimo disse...

Ofélia.. Louca testemunha asfixiada... Espero que tenhas partido a sorrir, como uma criança, para o frio resto de um sonho...