domingo, julho 30, 2006

Fortaleza


No mais recôndito de mim, último reduto, fortaleza de ser, nesse abrigo de todas as trovoadas e tempestades, perco-me ainda nesse olhar cintilante, abraço morno e meigo, sorriso de ternura e carinho. Condenado a essa clausura do meu sentir, porta fechada para todo o pensar e agir, barreira impenetrável que asfixia todo o passar para o lado de lá. Mesmo sem ar, vive, e mesmo assim brilha. Mesmo assim refulge, dança em pontas de pés, arde, queima devagar. Acorda-me em segredo pelo meio da noite, vem ao de leve sussurrar-me ao ouvido, atira-me para lá dos meus sonhos. Poder fechar os olhos, poder sonhar. Poupar ao peito mais este encantamento. Poder ser surdo para este gritar. E... Amputar ao vento o bater contra os rostos? Mutilar a chuva que torrencialmente nos enche as lágrimas? Dissolver os fios da aurora para não mais os sentir espreitar por entre as portadas das janelas? Acordar é... respirar.
Luis V.

1 comentário:

Anónimo disse...

"não"...;-)
Acordar é aceitar que o mais importante é, justamente, perceber que se pensássemos, jamais respiraríamos...preferiríamos a visão anaeróbia...porquê? Porque...acredita: só essa É...