«(...) todos os dias de uma vida sem lustro, o tempo carrega connosco. Mas um momento chega sempre, em que somos nós a ter de carregá-lo. Vivemos sobre o futuro: «amanhã», «mais tarde», «quando tivermos uma boa situação», «com a idade hás-de compreender». (...) Um dia vem, no entanto, e o homem constata ou diz que tem trinta anos. Afirma assim a sua juventude. Mas, ao mesmo tempo situa-se em relação ao tempo. Toma aí o seu lugar. Reconhece que está num certo momento de uma curva que confessa ter de percorrer. Pertence ao tempo, e reconhece nesse horror que o empolga o seu pior inimigo.»
Albert Camus, O Mito de Sísifo
1 comentário:
Afinal sempre há vida para além da morte! E quando choramos sobre os nossos próprios projectos mortos, eis que eles se erguem das trevas, mais fortes do que nunca para vingar na vida e roubar mais algum tempo à morte. Aconteceu com este blogue, tal como acontece com muitos dos nossos projectos. Conscientes da nossa incontornável mortalidade, afogamos de sentido o que tocamos sem termos a noção de que já passou, de que já não é, do que poderia ser...e carregamos assim uma vida de cenários onde somos actores sem um papel definido. O Camus, a minha alma gémea..pena não nos termos conhecido, pena ele não ter nascido, no mínimo, na altura em que morreu e eu até casaria com ele!!!! eheheheheheh
Enviar um comentário